Falta de politicas públicas afirmativas e projetos sociais é que geram "guerras" em Tabatinga, diz vereadora Marcela Tenório



A questão da criminalidade, homicídios, tráfico de drogas, entre outros, na tríplice fronteira, é uma problemática muito antiga, constante e recorrente. Percebe-se que a população de modo geral até já "se acostumou" com essa situação. Ainda há aqueles, que até já acham "normal" devido o descaso dos poderes representativos. Ainda tem a questão do efetivo que é precário para atender a demanda.


Como Relatora da Comissão Especial de Segurança Pública da Câmara Municipal, a vereadora Marcela Tenório, participou em abril de 2023, de uma exposição, da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM)  e Assistência de Social de Tabatinga, onde foi abordado a falta de segurança e a alta taxa de criminalidade.


Pelo estudo de caso da SSP, ficou constatado que o município de Tabatinga, envolve diversos fatores conjunturais derivados como ausência de políticas públicas, carência de recursos do governo do estado e União, especialmente pela sua geolocalização fronteiriça. 


Por meio portal da transparência de contas de Tabatinga, é possível analisar os montantes destinados a cada pasta. Em 2022, a dotação para a educação, para citar uma área, foi de R$ 23 milhões. Para a assistência social, a quantia foi de R$ 2,2 milhões, inferior à reservada ao gabinete do prefeito, Saul Nunes Bemerguy.


Próxima de dois, dos três países considerados maiores produtores de cocaina da América do Sul, Tabatinga é considerada corredor de negociações legais entreposto desse comércio subversivo. Dados do IBGE 2022, mostrou ainda que a população Tabatinguense possuía 66.837 habitantes. É o sétimo no ranking populacional no Estado do Amazonas.


Em 2022 foram registrados 44 homicídios, com taxa de 65,83% por grupo de cem mil habitantes, apresentando assim, números elevados de crimes contra a vida nos últimos dez anos. Em 2023, o grande número de mortes só no primeiro semestre, colocou Tabatinga como o mais violento, passando a liderar o ranking de homicídios no interior do estado do Amazonas.


Devido a taxa altíssima de violência, no dia 11 de julho desse ano, a comitiva de políticos que representa nove municípios G9, da região do Alto Solimões, incluindo o prefeito Saul Nunes Bemerguy, estiveram com o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em busca de ajuda. Na ocasião, Saul enviou uma carta pedindo socorro ao ministro.


Parte do conteúdo do documento dizia: “A desigualdade social e a ilegalidade resultam em indivíduos invisíveis diante das políticas públicas e da defesa dos direitos humanos, trazendo a reboque a criminalidade que irá articular estratégias para o aliciamento permanente de pessoas em situação de vulnerabilidade visando o controle e domínio da vítima" e etc. O prefeito concluiu que Tabatinga enfrenta situação de “guerra”.


A vereadora Marcela Tenório, afirma que é primordial, está se atualizando dos dados que abrangem essa área. Porque a questão de segurança do município e muito delicado. "As políticas públicas afirmativas que o Poder Executivo Municipal tem elaborado, não está de fato funcionando", disse a vereadora.


 Marcela defende a bandeira da efetivação de programas e projetos sociais, em unidade entre o Poder Executivo Municipal, Legislativo,  Estado e União, voltados para os jovens, como primeiro emprego e renda, valorização da educação, cultura, esporte, entre outros, para tirá-los da ociosidade. 


Além disso, Marcela aponta uma problemática evidente no município, onde a falta de união principalmente entre o Poder Executivo e Legislativo, na aprovação e execução de projetos de leis e indicações, que a mesma presta, que irão contribuir de forma eficiente, para o resgaste social, são vetados de forma contundente na Câmara Municipal, pela base do atual prefeito, simplesmente por a mesma ser da oposição.


Entende-se que falta de políticas públicas através dos projetos sociais, que envolve a família, educação, segurança, assistência social aos mais vulneráveis, contribuem para esse agravante. Dessa forma, pode-se concluir que quando as crianças, adolescentes e jovens, perdem seus eixos norteadores, ficam mais suscetíveis ao aliciamento do crime organizado.


Para a vereadora Marcela, as crianças têm noção do que é criminalidade, a sociedade não esconde isso delas. Porém, é necessário mostrar, que não é porque elas vivem nesse meio, é que precisam necessariamente seguir esse caminho. Por falta de investimentos, até o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) realizado pela Polícia Militar deixou de existir no município. Para a vereadora Marcela, é necessário trabalhar a base para evitar que os jovens sejam atraídos pelos traficantes.